terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Minha nada amorosa vida

Ninguém lê o meu blog. Eu não o divulgo, escondo do meu perfil do Google... Sei lá, talvez eu tenha vergonha das coisas que eu exponho aqui. Mas, ao mesmo tempo, me sinto uma mãe que negligencia um filho quando deixo de cuidar do projeto que criei.

Comecei o blog com a intenção de contar as anedotas da minha vida. Não tenho uma vida amorosa muito admirável, mas coleciono boas histórias, daquele tipo que você mal acredita quando ouve. E hoje, depois que elas já passaram, as acho muito divertidas. Mas manter um blog é difícil, escrever textos requer inspiração, cativar leitores requer periodicidade. Não que eu tivesse a intenção de ter leitores cativos, mas não faz muito sentido ter um blog se você não quer que alguém nesse mundão leia. É, acho que eu não faço o menor sentido.

A ideia original era "Minutos mais tensos de uma vida (nada) amorosa". Eu contava as histórias e focava sempre em uma parte que representava os minutos mais tensos daquele episódio. Era divertido! Lembrar de histórias é como vive-las de novo. E até as histórias ruins trazem bons ensinamentos.

Contei poucas histórias, inventei algumas coisas que eu poderia postar, e a ideia original foi ficando pra trás. Nesse tempo, me dediquei a outros projetos. O principal deles, o Dona Oncinha, é o que perdura até hoje, e até já me trouxe bons frutos e acontecimentos. Cheguei a afirmar que não mudaria o nome e a essência do blog, mas a vida tá aí pra gente mudar de opinião o tempo todo, né? Aquela velha história da metamorfose ambulante.

Hoje eu decidi trocar o título do blog. Nem mudou muita coisa, principalmente porque a vida amorosa continua nula/cagada, mas não faz mais sentido manter o que era. Assim como todo santo ano a gente descobre que não faz mais sentido manter muitas coisas da nossa vida.

Muitos textos do Dona Oncinha me ditam por completo, e é até bom que venham parar aqui. Mantém a coisa funcionando. Alguns outros são inspirados por acontecimentos adversos, mas também servem de inspiração pra mim e, quem sabe, pra quem possa, por ventura, cair por aqui.

Quando a vida amorosa mudar, eu venho contar aqui. E, quem sabe, mudar o título mais uma vez. Torçam por mim! (vocês, fantasmas que estão lendo)

Ps: minha mente (diferente do meu corpo) é hiperativa e criou outro projeto. O Carioca Repatriada surgiu da minha mudança de volta ao Rio. Também não é muito movimentado, mas ainda tenho planos pra ele! :)

Causa impossível

Eu não sou a católica mais fervorosa e praticante que você vai conhecer, mas já deve ter reparado que eu rezo pra caramba. Não sei explicar o porquê, mas me sinto próxima dos santos, quase íntima, e converso com eles como se conversasse com um amigo na mesa do bar.

Dessa vez escolhi Santo Expedito. Tava ali, afundada em pensamentos de uma vida cheinha de problemas – dos mais ordinários – a serem resolvidos, e decidi que era hora de acionar o Santo das Causas Impossíveis. 

Causas impossíveis? Nem tanto. Mas apelei, e apelei com gosto. “Meu Santo Expedito das causas justas e urgentes, interceda por mim junto ao Nosso Senhor Jesus Cristo, socorra-me nesta hora de aflição e desespero.”

Imagem: reprodução
Tanto exagero… Eu sei. Mas mulher que é mulher sempre se utilizará do recurso da hipérbole. Porque nós SOMOS uma hipérbole. Tudo que parte de nós é elevado à décima potência e sempre em cima do salto alto, pra ficar bem grande e chamativo. Não somos adeptas do “pouco”, e o “muito” não parece o suficiente para nos categorizar.

Dois quilos que não conseguimos eliminar da barriga é motivo de terapia e antidepressivos. Um cartão de crédito estourado é o pior dos pesadelos. Uma mensagem vista e não respondida é motivo de fim de casamento. E eu poderia citar aqui tudo que nos tira do eixo e se transforma em motivo de promessa, mas passaria ANOS diante do computador! (como não exagerar aqui também?)

Cazuza que me desculpe, mas jogar-se aos meus pés é muito pouco exagerado. Eu me jogo mesmo é lá dos braços do Cristo Redentor, porque eu preciso do maior dos impactos. E não é que a gente queira simplesmente chamar a atenção, é que não conseguimos nos separar da intensidade que nos é intrínseca. 

Sendo assim… “Meu Santo Expedito das causas justas e urgentes, interceda por mim junto ao Nosso Senhor Jesus Cristo, livra-me do meu exagero. Isso, sim, é causa impossível.

(Dona Oncinha)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Vestida de sorrisos

Aquele rio de dinheiro gasto com roupas e maquiagens já não me pertence mais. Eu, que sempre achei que precisaria dos melhores tecidos e cores para explorar amores, olhei-me no espelho e descobri-me vestida de outra coisa.

Saí do banho ainda pingando, com os cabelos molhados e desgrenhados – do jeito que eu mais gosto –, parei na frente do espelho e, despida, me deparei com a minha melhor vestimenta. Não é que brilhe como se eu estivesse num filme, ou quem sabe em outra dimensão, é que faz tanto, mas tanto sentido, que chega a beirar uma certa ridicularidade.

A cor? Branco.
Insosso, alguns poderiam dizer.
Vivo e nítido, digo eu.
É expansivo. Convidativo. Sincero.
Não deixa dúvidas, mas deixa mistérios.
Não expressa ruídos, mas abre-se como a melhor das melodias.

Deixando toda e qualquer materialidade de lado, passei a vestir sorrisos. E contra todas as ditaduras do diminutivo, escolhi os maiores deles.

Imagem: reprodução

(Dona Oncinha)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Uma democracia chamada praia

Vocês podem nunca ter visto, eu não costumo me expor aqui, mas eu tenho um corpo de praia. Posso descrever pra vocês? 

Meu corpo de praia tem dois braços e duas pernas – graças a Deus. A parte superior dos braços é composta de uma gordurinha que eu detesto. Os ombros apresentam incontáveis sardas que denunciam os verões passados, bem como o colo dos meus seios. Ah, meus seios. Eles são assim, mais ou menos. Nem grandes, nem pequenos. Nem caídos, nem em pé. Já as pernas são grossas, eu diria até rudes. Tem celulite pra dar e vender. 

Meu corpo de praia tem uma barriga protuberante, com mais gordura localizada do que eu acho que mereço e desejava ter. É tão branca que chega a deixar o sol com inveja do brilho. Tem também uma bunda que eu descreveria assim: “de tamanho significativo”. Nela moram algumas ondas, acho até que desejava ser o mar.

Meu corpo de praia tem certa dificuldade para achar o biquíni certo, mas se tampa as “minhas vergonhas”, não precisa de mais nenhum detalhe.

Meu corpo de praia em NADA corresponde ao suposto “corpo de praia” que as revistas vendem. Como assim, um único corpo pode frequentar a praia?

Se existe uma democracia nesse mundo, essa democracia é a praia. A extensão de areia e mar corresponde à maior e melhor mistura de etnias, curvas e sorrisos diferentes. Todas as imperfeições são colocadas à prova, mas o que a gente quer mesmo é se divertir, mergulhar, se bronzear. Porque a praia foi feita pra ser gozada, e não para ser um território de gozação.

Liberte-se das amarras midiáticas e “padronísticas” e vem exibir o seu corpo de praia!
É verão, a democracia te espera!

Imagem: reprodução


(Dona Oncinha) 

Decidiu-se amar

E o que a gente faz quando descobre que quer amar?

2014 começou e você prometeu a si mesma encontrar um companheiro. Depois de alguns anos de uma solteirice bem vivida e aproveitada, a poltrona vazia do seu lado no cinema começou a incomodar.

Imagem: reprodução
Promessas e simpatias são caretas demais, porque você acredita mesmo é na força do acaso. Vai andar pela rua olhando para tudo e todos, vai sorrir para todas as faixas etárias e deixar chegar o alto, o baixo, o careca e o cabeludo. Tem certeza que o que é seu está guardado, mas que não custa nada dar uma pinta por aí.

Uma fase de descobertas que se abre com um estampido, e ensurdece a mais aventureira das suas faces. Não que vá largar a loucura de lado, porque o que você quer mesmo é alguém que compactue com as suas vontades mais insanas. O que acontece é que agora nem tudo passa a ser só seu, e o desejo mais crescente é o de compartilhar.

Renovam-se as roupas íntimas, os lençóis, a mobilha e a esperança. O coração meio vazio quer se fazer completamente cheio, e afogar toda e qualquer solidão que ouse achar que ainda sobra um espaço. É verdade, você está preparada, e só quer que chegue aquele que for ficar.

Senta... Espera... Sonha...
Mas tem certeza que o amor há de acontecer.

(Dona Oncinha)

Me pre(parei)

Sei lá, eu devia estar dormindo. Afogada em trabalhos, talvez. Ou curtindo a vida... É, acho que eu tava mesmo curtindo a vida! Só sei que, do nada, me avisaram que o fim do ano estava chegando. Eu nem reparei!

Saí correndo para deixar tudo em ordem. A casa? Vai bem, obrigada. Faxinada, com os móveis no lugar, a cama arrumada esperando ele chegar. O trabalho? Tranquilo! A mesa está finalmente organizada, os papéis na gaveta e o salário na mão.

Que que eu preciso preparar mesmo? Ah sim, lembrei! Preciso preparar meu coração. Pra fortes emoções, sentimentos puros e gostosos, pra matar as saudades e também senti-las – faz parte. Preciso preparar minha mente. Para encarar os dias com tranquilidade e ter sabedoria na turbulência, para esbanjar toda a criatividade que ela produz, para ler mais livros e elaborar mais planos. Insanos e deliciosos.

Preciso preparar minha família. Assim, ela já veio prontinha, do jeito que eu pedi a Deus. Mas preciso prepara-los para me receber mais vezes, para abrir os braços pros meus abraços, pra rir das minhas piadas mais imbecis e compreender meus choros – os mais imbecis também. ,

Preciso me preparar... Me preparar... Me prep... Preciso me preparar? Engraçado, estive aqui confabulando e relembrando 2013, tudo que aconteceu e deixou de acontecer. Estranho, as coisas aconteceram e eu não me preparei!

Se preparar? Será? Pode ser que a vida mesmo tome conta de preparar a gente. E Deus, meus amigos, esse nunca falha, e prepara tudinho do jeito que tem que ser.

Me pre... Parei. E só esperei 2014 chegar.
Não tenho dúvidas, ele vai vir preparado! E do jeito que eu gosto ;)

{Imagem: reprodução}
Imagem: reprodução

O que eu pedi

O ritual se repetia toda noite. Eu deitava a cabeça no travesseiro, fazia o sinal da cruz e mal começava o Pai Nosso, já estava a chorar. Deus acabou se tornando meu maior terapeuta, e mais sagrada que a minha oração se tornou o hábito de todas as noites pedir para que Ele iluminasse os meus caminhos e mostrasse as soluções.

Eu estava mal. Muito mal. Não havia sofrido nenhum acidente, sido acometida por alguma doença ou perdido um ente querido. Minha cabeça andava mal. Eu não sabia o que queria pra minha vida – onde eu deveria morar, com o que deveria trabalhar, para quem deveria entregar o meu coração, que método milagroso deveria usar para extrair minhas gorduras. O QUE FAZER COM A MINHA VIDA, MEU DEUS?
Imagem: reprodução

Acho muito comum e compreensível que as pessoas se aproximem da religião em momentos de conflito, desespero, perda. Normal... A que poderíamos nos agarrar se não a forças divinas, com poderes que, acreditamos, ultrapassam a usualidade da realidade?

Foram infinitos Pais Nosso e Ave Marias. Santo Anjo do Senhor, aquele que é meu zeloso guardador, foi convocado na mesma quantidade de vezes. E se a gente tem fé, a vida realmente passa a andar.

Deus atende aos pedidos daqueles que acreditam. Às vezes de forma certa por linhas tortas, mas não importa, ele mostra o caminho. E nós, no egoísmo intrínseco do ser humano, nos esquecemos quase que por completo de refazer o sinal da cruz e nos colocar a rezar.

Ontem eu larguei o meu egocentrismo de lado: ajoelhei no pé da minha cama e orei. Sabe o que eu pedi? NADA. Eu somente falei para Ele o quanto eu era grata pela saúde que jorrava sobre mim, minha família e todas as pessoas que amo. Comentei que Ele era muito bom por me rodear de pessoas tão abençoadas. Disse que Ele realmente havia me iluminado os caminhos, e eu somente poderia agradecer. Por tudo.

Agradecer. É isso que a gente esquece de fazer.
Agradecer. É isso que a gente deveria SEMPRE fazer.

(Dona Oncinha)